Portos Secos impulsionam negócios externos de Santa Catarina
Santa Catarina poderá este ano melhorar significativamente a estrutura de portos secos disponíveis para empresas envolvidas com o comércio exterior. Além do Porto seco Multilog, em Itajaí, há projetos para construção de um novo em São Francisco do Sul, um em Criciúma e a ampliação da Aduana de Dionísio Cerqueira para que também tenha a estrutura de um porto seco. A principal função de um porto seco é fazer o desembaraço aduaneiro de cargas importadas ou exportadas pelo Brasil. Esse porto pode ser localizado na fronteira do Brasil com outro país, como em Dionísio Cerqueira, no oeste catarinense, que é separado da Argentina por uma rua. Nesse caso, esse é o último posto onde as cargas devem ser conferidas e liberadas pela Receita Federal. Mas esses portos secos podem também se localizar no interior, onde funcionam como locais para adiantar o desembaraço, o que evita assim gargalos, principalmente, nos portos molhados. Esse é o caso do Porto seco Multilog, controlado pelo Grupo Portobello, que fica ao lado do Porto de Itajaí. A Multilog não só funciona como aduana para que as cargas já cheguem ao porto molhado prontas para embarcar. A empresa também faz a armazenagem desses materiais para seus clientes, tanto para quem vende como para quem compra fora do Brasil. Depois de importado, por exemplo, o material pode ficar guardado nas instalações da Multilog por até um ano, para que a empresa compradora vá retirando essa carga aos poucos, se for de seu interesse. A Multilog dispõe de 212 mil metros quadrados para armazenagem em Itajaí, e em 2004 a movimentação no porto seco chegou a 31 mil contêineres, 70% a mais que no ano anterior. A WEG, de Jaraguá do Sul, é um dos grandes clientes da Multilog, e se diz satisfeito com os serviços prestados pela empresa. "Utilizamos o porto seco para pré-armazenagem e para antecipar a liberação das exportações. Isso nos dá mais agilidade para cumprir os prazos de entrega para os compradores estrangeiros", disse o gerente de logística de exportações da WEG Exportadora, Jonas Germano Schmidt. Ele informou que a grande maioria dos 350 TEUs escoados mensalmente pela WEG no Porto de Itajaí em 2004 passaram antes pelo porto seco da Portobello. Novos empreendimentos - Ao lado do Porto de São Francisco do Sul o grupo Rocha Top deverá concluir, no segundo semestre deste ano, a construção do seu porto seco, vizinho ao terminal de contêineres que a empresa já detém no local. No terreno de 60 mil metros quadrados, cerca de 40 mil metros quadrados serão usados para a construção de um recinto alfandegado com escritório da Receita Federal, além de um armazém de 5 mil metros quadrados. Segundo o diretor da Rocha, Hélio Freire, um dos motivos para a escolha de São Francisco para a construção do primeiro porto seco da empresa foi "a crescente movimentação de cargas conteinerizadas em Santa Catarina, que hoje fica atrás apenas de São Paulo". Além disso, o Porto de São Francisco tem uma área relativamente restrita para ampliação, o que faria do porto seco da Rocha uma boa opção para as empresas que queiram movimentar cargas no local. Em Criciúma, no Sul do Estado, o Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Sul de Santa Catarina (Setransc) planeja a construção do Porto seco - Cidade dos Transportes. Com um espaço de 580 mil metros quadrados e 48 empresas que já compraram terrenos para construir instalações no local, o presidente do Setransc, Argemiro Manique Barreto Filho, busca agora a parceria da Petrobras para obter R$ 4 milhões em investimentos de infra-estrutura necessários para que o empreendimento seja viabilizado. Esse dinheiro será usado para a drenagem, terraplanagem e pavimentação necessárias a obra. A proposta do sindicato é que, em troca do investimento da Petrobras, a BR Distribuidora - subsidiária da estatal - terá exclusividade no fornecimento de óleo diesel e lubrificantes para todas as empresas que se instalarem no local, que deverão ficar entre 100 e 120, estimou Barreto Filho. Além de funcionar como local para armazenar e iniciar o desembaraço aduaneiro de cargas para exportação e importação, o porto seco de Criciúma terá um Terminal Intermodal de Cargas, que será construído pela Ferrovia Tereza Cristina (FTC). Com esse terminal, as cargas poderão chegar a Criciúma de caminhão e de lá seguir até o Porto de Imbituba pela ferrovia, já com a burocracia para exportação adiantada. "Essa é uma luta da Setransc há dez anos, e esperamos que se a parceria com a Petrobras aconteça, o porto possa sair", disse o presidente do sindicato. Barreto Filho comemorou uma parceria já acertada para o porto, com o Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). As duas instituições irão investir cerca de R$ 8 milhões num terreno doado pela Setransc para construir instalações médicas, salas de aula para cursos profissionalizantes e áreas de lazer. O gerente comercial da Ferrovia Tereza Cristina, Carlos Augusto Menezes, confirmou os planos da empresa de se instalar dentro do Porto Seco de Criciúma, mas disse que vê isso com "um investimento para o futuro, pois o projeto ainda está muito incipiente". Ele afirmou também que um eventual terminal da FTC em Criciúma só poderá ser construído depois que a ferrovia tiver um armazém próprio dentro do Porto de Imbituba, o destino final das cargas que ela traria do Porto seco. "As negociações para o arrendamento da área para o nosso terminal em Imbituba estão adiantadas, esperamos que ele possa ser feito ainda este ano", completou Menezes. Na fronteira de Santa Catarina com a Argentina, funciona a Aduana de Dionísio Cerqueira, onde cargas importadas e exportadas pelo Brasil ao país vizinho são checadas e liberadas pela Receita Federal. Apesar da falta de investimentos, o movimento no local passou de US$ 236,3 milhões em 2003 para US$ 297,3 milhões no ano passado, um crescimento de 25,8%. O chefe de inspetoria da Receita Federal em Dionísio Cerqueira, Arnaldo Borteze (foto), disse que a aduana da cidade ainda não pode ser considerada um porto seco pela falta de infra-estrutura, mas afirma ter esperança que em 2005 as obras necessárias para esse salto qualitativo sejam licitadas pela Receita Federal e realizadas pela iniciativa privada. Há 45 mil metros quadrados de área na aduana, mas apenas um terço disso está pavimentado. "É preciso concluir essa pavimentação e instalar uma balança de pesagem no portão de entrada dos caminhões, já que a balança que temos hoje fica a 500 metros da entrada, o que atrasa um pouco o nosso trabalho", salientou Boerteze. Evento - Com base na potencialidade do mercado catarinense, a Feira Transnacional 2005 acontecerá, além de São Paulo e Salvador, também em Santa Catarina, nos dias 28 e 29 de abril, no Centro Sul, em Florianópolis. Por Por Maycon Stähelin - SC-NetMarinha
Fonte: Intelog / Net Marinha
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