17/05/2007

Ferrovias trilham novos caminhos

O desafio do crescimento está em pauta na agenda estratégica do país. Isto já é um mérito do PAC, antes mesmo de sua execução, na medida em que estimula os diversos setores da sociedade para um ciclo de desenvolvimento que tem como prioridade a modernização e ampliação da infra-estrutura. A montagem de um sistema integrado de transportes em todo o território nacional, funcionando como corredores eficientes e ágeis para a exportação e para o mercado interno, é vista claramente como condição fundamental nesse esforço de desenvolvimento.

Essa integração não se faz apenas com grandes obras, como a Ferrovia Norte-Sul e a Trans-Nordestina, mas também com a dinamização dos trechos locais. É o caso de uma ferrovia de apenas 164 quilômetros de extensão e ainda isolada do sistema ferroviário nacional. Os investimentos da iniciativa privada nos últimos dez anos, a partir da implantação do modelo de concessão da malha ferroviária, recuperaram uma estrutura que estava sucateada nos tempos da RFFSA e transformaram a centenária Ferrovia Tereza Cristina em um importante elo da cadeia logística do sul catarinense.

Há mais de um século, o carvão mineral que abastece as usinas do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, ocupa a maior parte dos vagões da ferrovia. Em 2004, a companhia iniciou o processo de diversificação com o transporte de produtos cerâmicos, que evoluiu até o transporte de contêineres, iniciado este ano. A FTC interliga o pólo carbonífero, o complexo termelétrico e o porto de Imbituba, passando por 12 municípios sul-catarinenses, uma região rica também em produção cerâmica, agroindustrial, têxtil, madeireira, plástica e metal-mecânica. Anualmente passam cerca de 2,5 milhões de toneladas de cargas pelos trilhos da Tereza Cristina.

O transporte de novas cargas é, no momento, a única opção de crescimento para a Tereza Cristina, que para isso investe na intermodalidade, desenvolvendo serviços de terminal de contêineres, centralização e distribuição de cargas. Porém, o fato de não estar interligada ao sistema ferroviário nacional é um grande entrave ao crescimento da FTC e da própria economia do Estado de Santa Catarina. Já passou por estudos de viabilidade econômica e aguarda liberação de recursos o projeto da Ferrovia Litorânea, desenvolvido pelo Ministério dos Transportes em parceria com o governo estadual, que prevê o prolongamento da linha férrea até São Francisco do Sul, interligando os quatro portos catarinenses (Laguna, Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul) e proporcionando novos corredores de transporte, com um fluxo de aproximadamente 32 milhões de toneladas de carga.

Cerca de 30% do que se produz nas indústrias do estado destinam-se à exportação e aproximadamente 50% vão para os demais estados brasileiros. Entretanto, mais de cem anos após a construção dos primeiros ramais ferroviários, ainda são precárias as condições de escoamento dessa produção. A solução para esses problemas passa por ações urgentes de modernização e ampliação da infra-estrutura de transportes, principalmente do modal ferroviário que poderá acelerar a locomotiva do desenvolvimento colocando as empresas e indústrias do estado em condições mais competitivas.

É importante ressaltar que a ampliação do sistema ferroviário em Santa Catarina, em seu conjunto, deverá trazer elevado retorno social: o consumo de combustível seria reduzido, em média, em 10 milhões de litros anuais; a emissão de elementos poluentes seria reduzida, evitando danos ambientais e representando assim uma economia anual de cerca de R$ 40 milhões; o número de acidentes rodoviários seria reduzido, representando a diminuição de 687 vítimas fatais e não-fatais por ano, com a conseqüente redução de cerca de R$ 13,6 milhões anuais em custo de indenizações e de R$ 21 milhões nos custos dos materiais perdidos em acidentes. Além disso, o empreendimento vai gerar cerca de 130 mil empregos, entre temporários (no período da construção) e permanentes (no período de operação da ferrovia), considerando os diretos, indiretos e aqueles que se originam através do efeito-renda. Em conseqüência, seria gerada uma renda de cerca de R$ 12 bilhões ao ano e a incorporação teórica de R$ 480 milhões anuais à renda nacional, permitindo também a arrecadação de tributos (federais, estaduais e municipais) da ordem de R$ 170 milhões.

A Ferrovia Litorânea poderá ser a melhor opção terrestre de ligação entre todos os portos catarinenses, minimizando os custos da cadeia logística e oferecendo as opções ideais para as empresas movimentarem rapidamente grandes volumes de carga a preços competitivos. A presença da ferrovia não trará nenhum prejuízo para os demais modais de transporte existentes. De outra forma, sem a presença do trem, as rodovias não terão capacidade de suportar tal volume de cargas sem grandes investimentos e altos custos operacionais. Por conseqüência, a carga deverá ser distribuída entre todos os modais: o trem transportando grandes volumes em médias e longas distâncias e os caminhões realizando a captação e a distribuição dessas cargas em sua origem e seu destino.

O transporte ferroviário de cargas, operado pela iniciativa privada desde 1997, tem apresentado resultados altamente significativos. A produção das ferrovias brasileiras aumentou 73%, o total da carga movimentada anualmente cresceu 61% e o número de empregos aumentou 89%. A participação das ferrovias na matriz de transportes, que era de 20% em 1997, já está em 26% e continua crescendo. Com os novos projetos a serem viabilizados pelo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e pelo PNLT (Plano Nacional de Infra-Estrutura e Logística), a completa integração da malha ferroviária e a multimodalidade serão fatores decisivos para acelerar e consolidar o crescimento econômico do nosso país.

Benony Schmitz Filho (Presidente do Conselho Diretor da ANTF – Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários – e Diretor-presidente da FTC – Ferrovia Tereza Cristina S/A)

Fonte: Comunicação ANTF

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