Malha ferroviária é a nova aposta
Entidades empresariais elegeram a integração por meio de ferrovias como nova bandeira e buscam apoio da classe política
A ligação do Sul com outras regiões do Estado e do país por meio da malha ferroviária é a nova bandeira levantada pelas entidades empresariais em busca do desenvolvimento. O próximo passo é angariar apoio com outras classes, entre elas a política. O transporte através dos trilhos é comprovadamente mais barato, fator que reflete na competitividade da indústria da região.
Ao longo dos anos, o Sul do Estado foi retrocedendo economicamente. Algumas obras estruturantes, reivindicadas há muito tempo, finalmente estão saindo do papel. A duplicação da BR-101, após anos, está sendo executada. A promessa do Governo do Estado é de que o Aeroporto Regional Humberto Ghizzo Bortoluzzi, em Jaguaruna, entre em operação no segundo semestre. A Via Rápida, que liga Criciúma e Içara à BR-101 está com obras em ritmo acelerado. Para completar o transporte intermodal é preciso fazer com que os governos invistam em ferrovias.
Para que a reivindicação se torne realidade, as associações empresariais de Criciúma, Tubarão e Imbituba se uniram. Do encontro ficou definido que a mobilização envolverá os representantes políticos da região e demais entidades empresariais, incluindo a Federação da Indústria do Estado de Santa Catarina (Fiesc). “Vamos buscar apoio técnico e político para viabilizar esta nova bandeira do Sul”, destacou o presidente da Associação Empresarial de Criciúma, Olvacir Fontana, que foi escolhido como o coordenador do novo movimento. “Notamos que as obras rodoviárias estão sendo executadas, e é preciso integrar a nossa ferrovia e o porto de Imbituba ao modal nacional”, completa Fontana.
A rota ainda precisa ser estudada, mas uma das possibilidades é a ligação da Ferrovia Tereza Cristina (FTC) de Tubarão a Lages, passando por Anitápolis, onde há um projeto para a implantação da Indústria de Fosfato Catarinense (IFC). Na serra aconteceria o encontro com a estrada de ferro América Latina Logística, interligada com o restante do país. “Além de alavancar fortemente a economia, passaríamos a ter uma ferrovia que traria mais cargas para o Sul”, observou o presidente da Associação Empresarial de Imbituba, Antonio Carlos Silvestre. “Também temos a convicção da instalação da Usitesc em Treviso, o que aumentará ainda mais a demanda”, acrescenta Fontana.
Ferrovias começam a ganhar força no Governo Federal
Aos poucos, o Brasil está acordando para a necessidade de incentivar o transporte ferroviário. Dois grandes projetos são vislumbrados para Santa Catarina. Um deles é a ligação do Oeste com o porto de Itajaí através da Ferrovia da Integração. Já a Translitorânea liga a FTC e o porto de Imbituba a Araquari, no Norte do Estado, interligando com a ferrovia América Latina Logística.
A proposta da ligação do Sul poderia ser viabilizada por meio da Ferrovia da Integração, ou ainda pela Ferrovia Translitorânea, ligando aos demais portos. A ideia da integração com o Oeste teria como foco o transporte de granéis, utilizando Imbituba como porto de escoamento, uma vez que a estrutura portuária existente já possui perfil graneleiro.
O porto de Imbituba mantém um perfil que atenderia a operação com granéis, com retroárea primária de 490 mil metros quadrados, projetada para até seis milhões de metros quadrados para instalação de terminais e indústrias, formando uma plataforma logística a menos de seis quilômetros da BR-101.
O porto mantém ainda a operação de contâiners, por meio da parceria com a Santos Brasil, realiza a movimentação do Tecon Imbituba e já opera dois serviços de linhas regulares: Costa Oeste da América do Sul, operado pela Hamburg Sud e CSAV, e Golfo do México e Caribe, operado pela Hamburg Sud.
O deputado estadual Valmir Comin (PP) coloca que o Governo Federal precisa compensar o prejuízo que causou a região, quando optou por duplicar primeiro a parte Norte da BR-101. “Na verdade, a interligação por meio de rodovias é uma necessidade que já demorou a acontecer”, pondera. “O custo médio do transporte rodoviário no Brasil é de R$ 110 por tonelada, ferroviário cai para R$ 75 e hidroviário dai por R$ 45 por tonelada”, explica Comin. “O setor intermodal ficou invertido por todos esses anos. Para se ter uma ideia, em 1960 o país possuía 30 mil quilômetros de ferrovias, e em 2000 esse número caiu para 22 mil quilômetros. Devíamos estar em 80 mil quilômetros de ferrovias”, enfatiza o parlamentar.
Comin salienta que para que os projetos saiam do papel é necessário força política. “A bancada do Sul na Assembleia Legislativa está unida com as entidades empresariais, e vamos em busca da integração da malha ferroviária. O ideal é que essa ligação já começasse com o Rio Grande do Sul”, pontua.
O deputado federal Ronaldo Benedet (PMDB) coloca que o projeto da rodovia Translitorânea está bem adiantado. “Pela primeira vez, o Governo Federal está disponibilizando mais recursos para a infraestrutura ferroviária do que à rodoviária”, relata o parlamentar. “Nossa ferrovia está nos planos, o projeto está aos cuidados do DNIT, e estamos cobrando”, completa. Benedet exemplifica a importância da ligação ferroviária à indústria local. “A cerâmica, por exemplo, torna-se bem mais competitiva no mercado nacional”, pontua.
Fonte: Assessoria ACIC