Câmbio e desoneração levam indústria ferroviária a aumentar exportações em 2013
As fábricas de vagões, locomotivas e componentes para trens instaladas no Brasil devem retomar o caminho do crescimento nas exportações em 2013 impulsionadas pelo câmbio mais favorável - acima de R$ 2 - e pelos benefícios oriundos das desonerações anunciadas pelo governo federal no ano passado, segundo previsão da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER). Mesmo sem uma previsão definida, a entidade espera que as exportações de 2013 superem os números de 2012, que devem fechar em 30 vagões e 14 locomotivas comercializadas com outros países no cálculo da entidade.
Segundo o dirigente, as exportações já foram responsáveis por cerca de 30% do faturamento da indústria ferroviária na década de 1990. Atualmente não chega a 10%. "Para quem exportou 30 vagões em 2012 a previsão de exportar 50 em 2013 é uma realidade, para quem exportou 14 locomotivas no ano passado, exportar 20 também é uma realidade", afirma o presidente da Abifer, Vicente Abate.
Os números de vagões comercializados com o exterior no ano passado são pequenos em comparação ao total produzido pela indústria no período. A produção foi de cerca de 3.100 em 2012 (os números ainda não estão fechados). Já em relação a locomotivas, as exportações representaram 20% das 70 fabricadas no período.
Câmbio, desonerações no setor - a indústria ferroviária foi contemplada com a troca da contribuição do INSS incidente sobre a folha de pagamentos por 1% sobre o faturamento das empresas -e a prorrogação do programa Reintegra são importantes fatores de estímulo à exportação. Este último mecanismo concede um crédito de 3% às indústrias que exportam manufaturados. Além disso, destaca o dirigente, o fortalecimento das vendas no mercado interno permite um aumento da competitividade dos produtos brasileiros por conta do ganho de escala na produção. "O mercado interno alavanca vendas para fora, e quando o dólar se recupera temos a união do útil ao agradável", diz Abate.
Os equipamentos para transporte de carga exportados têm, na sua maioria, países das Américas, do Oriente Médio e da África como destino, por conta da semelhança da legislação destes locais com a brasileira. Mas as exportações nacionais estão chegando a novos cantos do mundo, como na Índia. Tanto a Bombardier quanto a Alstom, duas gigantes do setor, têm projetos para o mercado interno.
A Alstom venceu um projeto no valor de 243 milhões de euros para a construção de 42 trens de aço inoxidável para o metrô da cidade de Chennai, capital do Estado de Tamil Nadu. Os nove primeiros estão sendo produzidos em uma unidade da Lapa, bairro da zona oeste da capital paulista. O restante ficará para a fábrica que está sendo construída próxima à cidade do sul da Índia, em Sri City. Em 2013, a empresa disputa uma licitação no valor de US$ 5,8 bilhões para a construção de trens de passageiros na África do Sul e vê a possibilidade de negócios na Argentina e no Chile. "O mercadoferroviário em países em desenvolvimento passa por crescimento muito forte", conta o diretor-geral do setor Transport da Alstom Brasil, Marco Contin.
A Bombardier vai exportar do Brasil para a ìndia monotrilhos de alta capacidade, que podem transportar tantos passageiros quanto um trem de metrô. O veículo, que tem em Hortolândia (SP) o seu centro mundial de produção, é o mesmo que será utilizado na Linha 15-Prata, na zona leste de São Paulo. "A expectativa para 2013 é muito positiva, não apenas para o mercado brasileiro como também para exportação", afirma o diretor de Relações Institucionais da Bombardier, Luis Ramos.
Fonte: Agência Estado