O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, disse hoje que a liberalização no transporte ferroviário "falhou no aumento da quota" deste modo face ao rodoviário e aéreo, numa conferência no âmbito da presidência da União Europeia.
Liberalização falhou aumento da quota do transporte ferroviário
Num discurso na abertura da conferência de lançamento do Ano Europeu do Transporte Ferroviário 2021, o governante questionou a eficácia deste modelo, que abriu aos privados a gestão de linhas ferroviárias um pouco por toda a Europa.
"A política europeia para as ferrovias nos últimos 30 anos sempre foi de abertura e liberalização progressiva do mercado", disse o ministro, acrescentando que "independentemente da opinião de cada um e da sua posição ideológica é um facto indisputável que [a liberalização] falhou para já em aumentar a quota modal para a ferrovia".
Segundo Pedro Nuno Santos, é "impossível saber se estas políticas evitaram uma queda maior ou se são responsáveis por manter a estagnação", referiu, apontando que "o facto de haver agora múltiplas iniciativas para promover o transporte internacional de passageiros mostra que o mercado, que foi liberalizado em 2010 para estas ligações, não está a responder como esperado".
O ministro concluiu depois que o mercado "não irá, por si próprio, providenciar os serviços que a sociedade considera importantes ou até essenciais", destacando ainda que não "é garantido que o mercado ferroviário resultante da aplicação dos quatro pacotes ferroviários seja mais aberto e competitivo, visto que já estamos a assistir a movimentos de concentração nos grandes operadores", às custas dos pequenos, "quer sejam privados ou públicos".
Pedro Nuno Santos esclareceu que não estava a advogar "o regresso ao modelo anterior, de redes ferroviárias nacionais fechadas, com pouca ligação umas com as outras", mas defendeu que não é possível avançar "cegamente" com a ideia de que a concorrência do mercado irá "fornecer tudo o que os cidadãos precisem".
Para Pedro Nuno Santos, a história mostra que "as autoridades públicas são essenciais para assegurar aos cidadãos a acessibilidade e mobilidade de que precisam", defendendo que os governos "não devem estar limitados em instrumentos para levar a cabo determinadas políticas".
O ministro recordou ainda que foi o antigo modelo "com os chamados operadores públicos `ineficientes`" que permitiu o Trans Europa Express e a alta velocidade ferroviária.
Fonte: RPT Notícias