Áreas recuperadas da mineração tornam-se espaços verdes e parques públicos no Sul de SC
Talvez a maioria dos moradores do sul catarinense não saiba, mas muitas áreas verdes e parques públicos da região provêm de áreas recuperadas da mineração de carvão. Em mais de 20 anos de recuperação ambiental, muitos espaços foram transformados e hoje são pontos de encontro de famílias e amigos. É o caso do Parque dos Imigrantes, no Distrito de Rio Maina, e do Parque das Nações, no bairro Próspera, ambos no município de Criciúma.
Os atuais dados de monitoramento da cobertura do solo revelam que, dos 6.503,74 hectares de áreas, 45,55% estão em processo de recuperação ambiental.
“Os cronogramas de recuperação estão em andamento, conforme acordos individuais entre as empresas, a União e o Ministério Público Federal, judicialmente homologados”, explica o engenheiro de minas, Márcio Zanuz, diretor técnico do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc).
Resultados positivos
Os resultados dos investimentos são visíveis em toda a região. A paisagem mudou, inclusive com a presença de espécies nativas de animais. No monitoramento realizado, foram identificados, nos ambientes já revitalizados, mais de 120 espécies do grupo da avifauna, além de espécies de mamíferos, anfíbios, répteis e peixes.
Conforme dados do Relatório de Monitoramento dos Indicadores Ambientais, a vegetação introduzida gera novos ambientes, tendo como consequência, a formação de corredores ecológicos que auxiliam na conservação da biodiversidade local. O documento foi elaborado em março de 2019 com todas as informações dos trabalhos desenvolvidos pelas indústrias carboníferas e a União no processo de recuperação ambiental.
Os rios também dão bons sinais de reabilitação. O Rio Rocinha, em Lauro Müller, por exemplo, teve redução de carga de acidez em mais de 80% quando comparado à situação anterior ao início dos trabalhos realizados pela Carbonífera Catarinense.
Processo de recuperação ambiental
O processo de recuperação ambiental foi determinado em conjunto com órgãos ambientais e Ministério Público. Em 1993, o Ministério Público propôs a Ação Civil Pública (ACP) do Carvão, que acabou transitada em julgado no ano 2000 estabelecendo que União e empresas carboníferas recuperassem os passivos ambientais gerados de 1972 a 1990 na região Sul de Santa Catarina.
No mesmo ano da decisão judicial, foram iniciados os projetos de recuperação para a área de aproximadamente 6.503,74 hectares em 17 municípios, abrangendo boa parte das bacias hidrográficas dos rios Araranguá, Urussanga e Tubarão. Em 2007, foi criado o Grupo Técnico de Assessoramento à Execução da Sentença (GTA).
“São vários técnicos, visões e experiências profissionais que, ao lado do Ministério Público, definiram os critérios para recuperação”, explica a superintendente industrial e de meio ambiente da Rio Deserto, engenheira Rosimeri Venâncio Redivo. A diversidade de conhecimentos e experiências gerou um conjunto de critérios seguidos por todas as empresas na reabilitação de áreas.
“As técnicas usadas aqui são as mesmas aplicadas em outras partes do mundo: conformação do solo, impermeabilização com argila, aplicação de uma camada de solo constituído e, por fim, introdução da vegetação”, explica Rosimeri.
Conforme a engenheira, o processo de recuperação envolve pesquisa e aprendizado contínuo, sendo estabelecido um processo por etapas: primeiro a recuperação do solo, depois as águas superficiais e, por último, as águas subterrâneas.
“A meta de recuperar o solo está sendo atingida e já traz, inclusive, impactos positivos também aos recursos hídricos”, finaliza.
Fonte: G1 / SIECESC