Acic celebra 75 anos e divulga estudo sobre ferrovia Chapecó-Cascavel
Entidade empresarial mais influente no Oeste de Santa
Catarina, a Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic) celebra 75 anos
de atividades na noite desta terça-feira, às 19h30min, na Fasul Eventos, e faz
a posse festiva da nova diretoria para os anos de 2022 e 2023, que tem como
presidente o industrial Lenoir Broch. Para marcar essa data histórica, a
entidade vai entregar o Estudo de Viabilidade Técnico e Econômico do ramal
ferroviário entre Cascavel e Chapecó, um projeto da Nova Ferroeste, empresa
ferroviária do Paraná, que terá um representante na solenidade desta noite.
De acordo com Lenoir Broch, o estudo, feito numa parceria
entre oito entidades catarinenses que investiram R$ 750 mil, concluiu que o
projeto é viável economicamente e que o Oeste catarinense poderá economizar até
30% dos cerca de R$ 7 bilhões em frete que gasta anualmente hoje para trazer
milho de caminhão do Centro-Oeste do país.
O trecho de 263 quilômetros de extensão terá 18 túneis, 32
obras de arte especiais (pontes e viadutos) e vai exigir investimentos da ordem
de R$ 6,8 bilhões. Segundo o presidente da Acic, o Rio Grande do Sul, que
também precisa de milho, estará no evento porque quer uma extensão do ramal até
Passo Fundo.
Em entrevista para a coluna, Lenoir Broch falou sobre a
relevância desse ramal ferroviário do projeto paranaense que vai até o Porto de
Paranaguá e também de outras demandas do Oeste do Estado. Segundo ele, a grande
carência é de infraestrutura.
Natural de Colombo, Oeste de SC, Lenoir Broch é fundador e
sócio da Broch Empreendimentos, empresa do setor de construção civil e
silvicultura. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), ele já foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção de
Chapecó. Sucede na Acic o empresário Nelson Okimoto, que liderou a entidade por
dois anos. Leia a entrevista de Lenoir Broch a seguir:
Por que a decisão de fazer evento de comemoração dos 75 anos da Acic e nele apresentar o estudo sobre o ramal ferroviário Chapecó-Cascavel?
Efetivamente, em primeiro de janeiro a diretoria da Acic é
empossada, mas a tradição é fazer a posse festiva no mês de março. Este ano, em
função do aniversário de 75 ano da entidade, deixamos para fazer essa posse
festiva dia 10 de maio. Além da posse, vamos homenagear ex-presidentes da Acic
e conseguiremos apresentar o estudo, já concluso, de viabilidade do ramal
ferroviário Chapecó-Cascavel. Será ainda sem o relato final da empresa que
promove o mesmo, mas concluso, afinal, queremos comemorar o aniversário de 75
anos da entidade dando este presente ao ‘Grande Oeste’ principalmente, mas
também ao Estado de Santa Catarina.
A gente até fez uma entrega parcial do estudo no Paraná em
19 de abril. Também vamos fazer as entregas para o Estado e ao governo federal.
São oito entidades que se reuniram para promover esse estudo. Queremos
sensibilizar os governos de Santa Catarina, Paraná e até o do Rio Grande do
Sul. O Rio Grande também é um grande consumidor de milho, importa bastante e
precisa que esse ramal vá até lá, quem sabe até Passo Fundo. Por isso, além da
Federação das Indústrias de SC (Fiesc), a do Rio Grande do Sul (Fiergs) também estará
no nosso evento desta terça.
Qual a importância desse ramal ferroviário para o Oeste de Santa Catarina?
É extremamente importante. Estamos aprendendo isso, agora,
com a pesquisa e análise de viabilidade. Economicamente, ele é viável, o que
deve gerar interesse dos investidores para o leilão que deve acontecer no
segundo semestre de 2022. Não há, ainda, a data precisa porque depende de
audiências públicas nos municípios por onde a ferrovia vai passar, mas esse
trecho virá de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, e iria inicialmente até
Paranaguá, com ramal até Cascavel, que já existe uma parte, e a implementação
desse ramal que ligaria Cascavel até Chapecó.
É extremamente importante para nossa região, principalmente
a Região Oeste, mas eu diria também para o Estado de Santa Catarina porque o
objetivo é a gente manter e sustentar a agroindústria na região. É mais
importante trazer alimentação do que a agroindústria ir embora daqui. Hoje, a
nossa região Oeste consome em torno de 7 milhões de toneladas de milho por ano.
Nós produzimos menos de 2 milhões de toneladas. Importamos próximo de 5 milhões
de toneladas.
Esse produto todo, que antigamente era fornecido pelo
Paraná, hoje já não é mais. O Paraná consome praticamente toda a produção de
milho, que é o principal produto da ração e logo vai estar importando também do
Mato Grosso. A ideia de trazer esse ramal de Maracaju até Chapecó é que a gente
consiga trazer esse milho via ferrovia, que é essencial.
Nós gastamos de frete de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões anuais
e a ferrovia viria a colaborar, de acordo com os estudos, com economia de até
30% somente de frete. É muito importante, não apenas para agroindústria, mas
temos diversas áreas da economia que dependem desse transporte e a ferrovia
viria nos ajudar a cumprir esse objetivo.
Quais são os investimentos previstos para esses projetos?
Para o ramal todo, começando em Maracaju, no Mato Grosso do
Sul, até o Porto de Paranaguá, vai exigir investimento próximo de R$ 30
bilhões. O trecho Cascavel-Chapecó vai passar de R$ 6,5 bilhões de
investimento, considerando trilhos e todo o sistema montado.
A princípio, a obra deve começar do Mato Grosso do Sul em
direção ao nosso Estado até porque mais do que subir mercadoria vai descer. Um
dos objetivos da Ferroeste é ligar Maracaju ao Porto de Paranaguá, com um ramal
em Cascavel e outro em Foz do Iguaçu. E ainda esse de Cascavel a Chapecó.
Então o nosso objetivo, enquanto entidade líder, foi juntar
diversas entidades com interesse nesse projeto como a Acic Chapecó, Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Centro Empresarial de Chapecó (CEC),
Fiesc, Federação da Agricultura do Estado (Faesc), Federação das Associações
Empresariais (Facisc), Organização das Cooperativas de SC (Ocesc) e Sindicarnes
SC. São oito entidades que se juntaram para patrocinar esse estudo e presentear
os dados de viabilidade técnica para que no momento do leilão, previsto para o
segundo semestre deste ano, os dados estejam disponíveis aos investidores.
Com relação ao prazo da obra, ela deve começar do Mato
Grosso para baixo. As obras vão acontecendo de acordo com a economia regional.
Daqui a pouco, se o trecho Cascavel Chapeco for interessante, talvez os
investidores resolvam executar em primeira mão. Caso contrário, o prazo de
execução pode passar de quinze anos.
A gente acredita que pelo menos em dez anos tenhamos o ramal
pronto, é um sonho e há um interesse, mas temos a consciência de que não é uma
obra rápida e que depende de muitas coisas para acontecer. Então vamos estar
brigando para que o Estado de Santa Catarina seja valorizado com a
implementação desse ramal.
Além de trazer milho, a ferrovia vai levar produtos para o porto também?
Agora, está sendo feito um estudo sobre a ligação até Lages.
Mas esse estudo que foi patrocinado por essas entidades visa viabilidade
técnica e ambiental e a manutenção desse ramal ferroviário. A princípio ele
viria trazendo milho, soja e farelo de soja, retornando com carne suína, aves e
peixes. Com esses itens já é economicamente viável para algum investidor
acreditar no potencial desse ramal
O transporte de proteína será ao Porto de Paranaguá?
A princípio sim, o cálculo que seria feito saindo do Oeste
de Santa Catarina até Cascavel em direção ao porto levando proteína animal, mas
temos outras coisas que podem ser exportadas via Porto de Paranaguá. E o
próprio trecho Foz do Iguaçu e Paranaguá se torna economicamente viável.
A gente observou agora, dia 19 de abril, em Curitiba, que
eles já têm plano de viabilidade do trecho de Cascavel até Paranaguá. Ele é
economicamente viável, independe do trecho Cascavel Chapecó. Mas o trecho catarinense
agrega muito, dá muita importância e valoriza muito o investimento.
Vocês também têm uma demanda muito grande de rodovias no Oeste. Que obras são mais urgentes?
Estamos aguardando a entrega pelo governo federal de um
ramal da BR-282, duplicação do trecho Chapecó até o trevo da BR-153, que é a
Transbrasiliana até Irani. É um trecho que não chega a 100 quilômetros, mas
seria uma oportunidade de investimento para que a gente tenha atendido essa
necessidade de transporte que ligaria Chapecó até a 153 e lá trânsito
principalmente de caminhões que se divide. Uma parte vai para o Rio Grande do
Sul, uma parte segue para BR-282 e vai para SC mesmo e vai se mantendo uma
grande parte desse trânsito entra na 153 sentido Paraná.
Para nós o mais urgente é esse trecho que liga Chapecó ao
que a gente chama de trevo de Irani até a BR-153. O trecho de Ponte Serrada, da
ponte de Irani até a BR-153 tem estado intransitável. É uma rodovia abandonada.
Infelizmente, temos problemas graves de manutenção, acidentes, buracos,
aguardando manutenção. A notícia que a gente tem do governo federal é que está
sendo licitado uma recuperação, um tapa buracos, uma terceira pista. Mas, por
enquanto, não temos nada.
Por enquanto é urgente e necessário a melhoria desse trecho
da BR-282 quando se fala em rodovia federal, mas temos um problema seríssimo na
BR-283 que liga Concordia até o Extremo Oeste de SC, Concordia- Seara-Chapecó.
É um trecho que está semiabandonado, uma rodovia estadual que precisa
urgentemente ser trabalhada.
Eu sempre digo que o Oeste de SC tem que ser trabalhado,
para que essas obras existam e são muito importantes para economia do Estado.
Infelizmente as obras não acontecem de fato, os motoristas sofrem acidentes,
atrasos, mercadorias que custam caro, perdemos a competitividade, por isso que
brigamos pela competitividade.
Qual é a importância da Acic para a economia regional?
Eu sempre digo que, para mim é uma grande honra liderar essa
nova diretoria da entidade, até pela longevidade. São 75 anos de
empreendedorismo, de antigos presidentes que estiveram à frente. A Acic é uma
líder regional porque ela pode capitanear muitos interesses do Oeste
catarinense, para que a região seja ouvida. A Acic se propõe a liderar isso
para mostrar aos políticos e investidores o potencial da nossa região, tanto
econômico quanto de trabalhadores qualificados, com capacidade de trabalho,
capacidade empreendedora.
A Acic lidera esse movimento regional na briga pela defesa do Oeste. Esses 75 anos mostram bem que não é uma entidade jovem, inexperiente. Temos um conselho com ex-presidentes que nos passam as suas experiências e, uma diretoria com uma parte de jovens que têm essa inquietação, essa vontade de mudar, envolvendo toda a região. Por isso, nesse evento vamos homenagear os ex-presidentes e entregar o estudo para que essa obra da ferrovia seja feita o mais breve possível.
Fonte: NSC Total