Transporte de produtos agrícolas por ferrovias bate recorde dos últimos doze anos
Investimento de concessionárias, dos últimos governos e o menor
custo do transporte em relação ao rodoviário, explicam tendencia de
crescimento; modal ferroviário emite cerca de 85% menos de CO²
O frete de produtos agrícolas por ferrovias no primeiro
quadrimestre de 2022 bateu o recorde dos últimos doze anos. Foram 25 bilhões de
toneladas transportadas entre soja, farelo de soja, milho, trigo, açúcar e
outros granéis agrícolas, segundo dados da Associação Nacional dos
Transportadores Ferroviários (ANTF) produzidos com exclusividade para a CNN.
De acordo com o levantamento, o transporte dos chamados
granéis agrícolas por trens registrou um crescimento de 127% desde 2010,
considerando dados de janeiro a abril de cada ano.
Para o diretor executivo da ANTF, Fernando Paes, os
principais fatores para esse crescimento são os crescentes investimentos por
parte das concessionárias, a continuidade de diferentes governos em ações no
setor e o menor custo do transporte ferroviário.
“Tradicionalmente as ferrovias tendem a ser mais
competitivas do ponto de vista de custo. Quando a gente está falando de
transporte de grandes quantidades de carga por distancias acima de 300
quilômetros, o frete ferroviário vale mais a pena. Então, já existe uma
tendência de crescimento. Nos últimos três últimos anos, especificamente, o
modal ferroviário deu um salto.”, afirma Paes.
A participação das ferrovias apresentou crescimento ainda
nas exportações. Na comparação com 2021, o transporte de milho por ferrovias
cresceu 156,9% neste ano. O açúcar teve alta de 6,6%, a soja 4,1%, e o
transporte de minério de ferro aumentou 3,9%.
“Hoje as ferrovias representam, elas são responsáveis por
mais ou menos 40% das comodities agrícolas que são exportadas pelo país. A
expansão das ferrovias é importante pro agronegócio já que as principais
produções estão no Centro-oeste, longe dos portos. Pelos cálculos que a gente
fez em alguns estudos, o transporte por trem é entre 10%, até 25% mais barato
do que o frete rodoviário para um mesmo trecho.”, aponta o diretor-executivo.
Impacto ambiental
Além da competitividade nos custos, o transporte ferroviário
tem outra vantagem: a ambiental. Segundo dados do Instituto de Logística e Supply
Chain – ILOS compilados pela ANTF, quando comprado ao rodoviário, o modal
ferroviário emite cerca de 85% dióxidos de carbono (CO²) a menos.
“A questão da emissão de poluentes hoje é uma preocupação
também dos produtores, quando a gente começa a pensar em economia verde e o
quanto isso influencia seja no financiamento dos projetos, ou na própria venda
dos produtos para outros países. A gente responde por 3% da emissão de
poluentes no setor de transportes, mas somos responsáveis por 20% do setor.
Esse número mostra com muita clareza a eficiência energética da ferrovia.”,
avalia Paes.
Uma composição ferroviária composta por 120 vagões, por exemplo, transporta o equivalente a 368 caminhões graneleiros. Em 2020, somente 2,88% das emissões de CO² no transporte terrestres foram originados pelo modal ferroviário.